O poeta Manuel Alegre lançou ontem, em Lisboa, mais uma antologia de poesia, desta feita centrada na temática da guerra, sobretudo a colonial. Poemas escritos em tempos e locais diferentes, mas que, segundo o seu autor, constituem “um livro com uma identidade própria” que permitirá “realçar a conexão entre eles e o tempo ou tempos da própria guerra”.
A cidade Nambuangongo torna-se, durante alguns meses de 1961, a capital provisória da Rpública Socialista de Angola. Depois dos massacres de Março, o exército português entra na cidade com recurso ao napalm. No campo de batalha estavam 30 mil soldados e também Manuel Alegre, escritor, hoje, um dos históricos do PS, que em 1995 se candidatou a Presidente da República como independente. Foi no nome desta cidade que o poeta se inspirou para o título, cruzando-o com o do filme de Resnais a partir da obra homónima de Duras "Hiroxima, meu amor". (...)
Publicou os seus primeiros livros que, apreendidos pela censura, passam de mão em mão em cópias clandestinas, manuscritas ou dactilografadas. Poemas seus, cantados por Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, tornam-se emblemáticos da luta pela liberdade e contra a guerra em África.
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