“... um clima cada vez maior, que é a rejeição de um passado. Como a pessoa que, quando eu digo que vi um filme óptimo, me pergunta: «Mas onde está esse filme?», «Passou na Cinemateca. É um filme de 1940.», «Que horror, filmes antigos. É a preto e branco? Não vou ver.» Isso não acontece em nenhuma outra arte (…). Ninguém considera Bach muito antigo. Ou Dante, Homero. Porque é que no cinema se cria uma mentalidade desse género, ligado às modas: «Um filme com mais de cinco ou dez anos já não interessa, isso é do tempo da Maria Cachucha»? Isso é que é a aberração, não tenho nada contra o que se faz hoje, o bom que se continua a fazer."
Professor pode muito bem ser quem nos ensina, mesmo sem saber que nos ensina. Professor pode muito bem ser quem conhecemos, mesmo que não nos conheça.
Sei muito pouco de cinema, mas muito do pouco que sei aprendi-o com João Bénard da Costa. Seguia-o na televisão, nos jornais e nos livros ao longo de vários anos. O seu dizer e escrever fez-me ver filmes que eu nunca teria descoberto e alguns que vi por acaso ou por minha iniciativa, tornaram-se noutros, às vezes muito diferentes, depois de o ouvir dissertar sobre eles.
Era uma visão muito própria, disseram-me uma vez. Obviamente. Mas era uma visão de pormenor, literária, de alguém de deita um olhar atento, valorativo. Visão que, aliás, Bénard da Costa assumia e, mais, declarou no título da sua obra, em dois volumes, que reúne ensaios dispersos: “Os filmes da minha vida” (no primeiro volume reforça a ideia, acrescentando o subtítulo “Os meus filmes da vida”).
Quando um professor, que é professor, morre, os que ficam sentem que ainda precisavam dele. É o caso.
Sei muito pouco de cinema, mas muito do pouco que sei aprendi-o com João Bénard da Costa. Seguia-o na televisão, nos jornais e nos livros ao longo de vários anos. O seu dizer e escrever fez-me ver filmes que eu nunca teria descoberto e alguns que vi por acaso ou por minha iniciativa, tornaram-se noutros, às vezes muito diferentes, depois de o ouvir dissertar sobre eles.
Era uma visão muito própria, disseram-me uma vez. Obviamente. Mas era uma visão de pormenor, literária, de alguém de deita um olhar atento, valorativo. Visão que, aliás, Bénard da Costa assumia e, mais, declarou no título da sua obra, em dois volumes, que reúne ensaios dispersos: “Os filmes da minha vida” (no primeiro volume reforça a ideia, acrescentando o subtítulo “Os meus filmes da vida”).
Quando um professor, que é professor, morre, os que ficam sentem que ainda precisavam dele. É o caso.
Helena Damião
Consultora do CFIAP
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