Nunca como hoje a avaliação surgiu como uma das palavras passe-partout, abusiva e prosaicamente utilizada nos mais variados campos e cuja mera invocação parece provocar um efeito mágico na resolução de todos os problemas. O verbo avaliar é, actualmente, recorrente na retórica político-partidária e a defesa de uma "cultura de avaliação", em todos os sectores de acção estatal e da sociedade, tornou-se um lugar-comum, sendo concomitante (colaborante?) com a expansão e consolidação do paradigma da performatividade generalizada, anunciado como traço fundamental da nossa "condição pós-moderna".
A descentralização de meios e a definição de objectivos nacionais e de patamares de resultados são duas tendências que marcam a generalidade dos países europeus e justificam, grandemente, o destaque atribuído à avaliação. Deste ponto de vista, a autonomia dos serviços públicos, consubstanciando uma delegação de poder, tem inerente a responsabilização, a negociação e a transparência, a definição de metas, a recolha de informação e a avaliação.(...)
Parece que, quanto menos se está de acordo sobre o que se quer das instituições e da educação, mais se receita a avaliação, como se dela viessem as respostas aos problemas centrais ou como se constituísse, em si, uma política ou um valor. Nesse sentido, a questão pertinente será: como pode a avaliação alimentar a lucidez?(...)
Maria Palmira Alves
Eusébio André Machado
in, Avaliação com sentido(s): contributos e questionamentos (2008)
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