segunda-feira, 7 de junho de 2010

SUPLEMENTOS PARA ESTUDAR MELHOR


A venda de suplementos para aumentar a concentração e a memória disparou: nos últimos 12 meses venderam-se quase 525 mil embalagens, mais 66% que há dois anos. Aumentou também o consumo de psicoestimulantes, medicamentos prescritos para tratar doenças como défice de atenção e hiperactividade, sendo que muito clínicos receiam que os jovens tomem também estes remédios para estudar. (...)

"No meu tempo, há 30 anos, tomavam anfetaminas, agora usam os medicamentos derivados de anfetaminas, que fazem o mesmo efeito", indica António Vaz Carneiro, do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência.


Um passeio rápido pelos fóruns na internet mostra a quantidade de dúvidas dos alunos da faculdade e até do secundário sobre estas "soluções" em vésperas de exames: dos suplementos aos medicamentos, procuram-se formas de superar o cansaço e a ansiedade.

"Aparecem-me alguns jovens muito ansiosos, porque são épocas em que está muito em jogo na vida deles. A ansiedade funciona como um motor, mas também pode ser um bloqueio. Se estiverem muito ansiosos posso receitar um ansiolítico, mas nada mais do que isso", diz a neurologista Helena Coelho. Mas a médica reconhece que se "consome de tudo menos bom senso".
"Aqueles medicamentos, como as anfetaminas, dão-lhes a sensação que aprendem melhor, mas é uma ilusão. É um doping mental que aumenta a memória de curto prazo, mas não há nenhum estudo que demonstre um aumento da capacidade cognitiva", explica Vaz Carneiro. "O problema é que quando passa o efeito esquecem tudo o que estudaram", acrescenta Carlos Lopes Pires.

Além disso, há o risco de habituação. "Se são tomadas por um espaço de tempo curto - uma semana - à partida não cria habitação. Mas depende das pessoas". E os efeitos para a saúde "podem ser devastadores": desde problemas graves no fígado a surtos psicóticos. "As pessoas podem ficar muito eufóricas por causa da energia das anfetaminas e depois passarem por estados depressivos, porque sentem falta dessa energia", conclui o psicólogo. (...)

Nenhum comentário: