domingo, 14 de outubro de 2012

OS MELHORES DE AMANHÃ




"As crianças finlandesas de hoje estarão entre os profissionais mais bem preparados do mundo de amanhã". Assim começa uma recente notícia on-line em língua espanhola que sistematiza muito claramente os "ingredientes" do "milagre educativo" que tem acontecido no país nórdico cujos resultados obtidos no Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA) têm sido objecto de admiração mundial.

O "milagre" de milagre nada tem: muito "simplesmente", a Finlândia percebeu que deveria usar o pensamento e a investigação pedagógica disponível.

Tem uma clara filosofia de base para a educação formal, valoriza o conhecimento e, de modo consonante, adota medidas de teor prático. E, por esta ordem, pois os responsáveis pela educação deste país perceberam que não é pelas medidas que se começa, mas pela definição de princípios norteadores.

A filosofia educativa, com a qual se pode ou não concordar, traduz-se em duas ideias: (1) nenhum aluno pode ser deixado para trás, devendo fazer-se tudo o que é possível de maneira que todos aprendam o mais possível; (2) a educação é fundamental para o bem-estar social e para o desenvolvimento do país.

Para cumprir estas duas ideias, entendeu-se que o conhecimento científico e técnico, artístico, humanístico... (a que se atribui valor) deve ser veiculado pela escola ou aí trabalhado.

As medidas, muitas delas decorrentes de dados da investigação pedagógica digna de crédito, surgem de seguida: (1) havendo processos maturacionais a considerar na aprendizagem, começar muito cedo a escolaridade não constitui qualquer vantagem; (2) a aprendizagem requer um ambiente escolar acolhedor e seguro sob o ponto de vista afetivo, pelo que o mesmo professor acompanha os alunos ao longo dos primeiros seis anos de escolaridade; (3) a quantidade de tempo passado na escola não se traduz em resultados de aprendizagem, pelo que o tempo de trabalho é destinado a trabalho, ainda que deva ser agradável; (4) o ensino, constitui um fator determinante na aprendizagem, pelo que os professores são devidamente selecionados e preparados para serem excelentes; (5) a coerência educativa é levada a sério, pelo que a relação entre a escola, a família e a comunidade, mediada pelo conhecimento, é devidamente trabalhada.

É certo que as sociedades do Norte e do Sul da Europa têm características distintas, mas também é certo que há uma década e meia a escola finlandesa não era exatamente igual à de hoje. É uma escola que se tem construído com ponderação e com atenção ao saber das ciências da educação.

Helena Damião
(Consultora do CFIAP)

Nenhum comentário: