Uma equipa de investigadores da Universidade de Harvard de que faz parte a portuguesa Inês Baptista conseguiu identificar os genes e as interacções celulares envolvidos no posicionamento correcto do coração no lado esquerdo do corpo, noticia a Lusa.
A descoberta, divulgada esta segunda-feira numa edição especial da revista britânica Development Dynamics, permite compreender melhor o desenvolvimento embrionário do coração e abre caminho a que um dia se possam evitar casos de anomalias cardíacas congénitas.
«Embora o nosso corpo e o de todos os vertebrados seja simétrico no exterior, no seu interior existe assimetria», explicou à Lusa a primeira autora do estudo, a investigadora portuguesa Inês Baptista, que está a fazer doutoramento na Universidade de Harvard (Reino Unido).
«Os órgãos internos, tais como o coração, o intestino ou o pâncreas são assimétricos na sua forma e na maneira como estão distribuídos na cavidade abdominal, estando uns do lado esquerdo e outros do lado direito», acrescentou.
Porém, regista-se uma elevada morbidez e mortalidade associadas a problemas relacionados com um posicionamento incorrecto do coração, nomeadamente com a lateralidade esquerda-direita, que se devem a defeitos congénitos complexos.
Esta equipa de investigadores mostrou que há um conjunto de genes, chamados Nodal, que garantem que o coração tenha a assimetria correcta, indispensável ao seu bom funcionamento.
«Para isso, os Nodal dão instruções às células sobre a velocidade a que estas se devem mover e em que direcção devem ir», afirmou Inês Baptista. «Esses genes são expressos no embrião só no lado esquerdo e fazem com que o coração vá para o lado esquerdo».
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