Numa época em que os discursos “politicamente correctos” respeitantes à educação, afirmam a diferença entre povos, culturas, sociedades, etnias ou grupos, salientando a especificidade de cada um e o direito que têm à mesma, a realidade parece caminhar no sentido oposto, ou seja, no sentido da uniformização. A verdade é que a educação, pelo menos no que respeita aos seus problemas, é muito semelhante em todo o mundo ocidental. Não sendo minha intenção relativizar os problemas que emergem no nosso sistema de ensino, aqui deixo um texto, datado de 1994, da autoria de Andy Hargreaves, investigador da área da Pedagogia que tem identificado e debatido de modo particularmente claro, rigoroso e contundente os grandes dilemas com que as escolas e os seus professores se confrontam na actualidade.
“As pessoas estão sempre a querer que os professores mudem. Raramente isto foi tão verdadeiro como o tem sido nos últimos tempos. Como todos os momentos de crise económica, os tempos actuais de competitividade global estão a originar um imenso pânico moral sobre a maneira como estamos a preparar as gerações do futuro nos nossos países. Em momentos como este, a educação, em geral, e as escolas, em particular, tornam-se naquilo a que A. H. Hasley chamou «o cesto de papéis da sociedade»; receptáculos de políticas nos quais são depositados, sem cerimónia, os problemas não resolvidos e insolúveis da sociedade. Pouca gente quer fazer algo relativamente à economia, mas todos — os políticos, os meios de comunicação de massas e o público em geral — querem fazer algo na educação."
Referência da obra citada: Hargreaves, A. (1998). Os professores em tempo de mudança: O trabalho e a cultura dos professores na idade pós-moderna. Lisboa: Mc Graw-Hill.
Helena Damião
(Consultora do CFPA)
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