domingo, 24 de agosto de 2008

TER VINTE ANOS


(...) A geração net (dos vinte anos de hoje) não contesta os valores da sociedade de consumo, como fizeram os seus avós nos anos sessenta. Não adere às utopias revolucionárias de setenta, nem se deixa convencer pelas raivas de noventa: tenta sobreviver no caos à sua volta, lidar com a flexibilidade dos valores que os circundam, procurar um sentido.

Ter uma boa casa e um belo carro, como aspiravam os seus pais, não é agora um objectivo primordial: o que interessa é conquistar a autonomia que possibilite encontrar a sua via para a felicidade.

Sempre conectados (i-pod, MSN, SMS...), os jovens de hoje são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo com toda a atenção - aspecto que os professores ainda não entenderam. Como não sabem se o mundo ficará mais estável, vivem cada momento como se fosse o último.

Lutam pelas suas causas e constroem os seus valores, mas o perigo está mesmo aí: ninguém sobrevive bem sem passado e sem referências.

O desafio para os educadores de hoje consiste na transmissão do justo equilíbrio entre a experiência do passado e a verificação da novidade do presente, porque o tempo actual também é dos mais velhos.


Daniel Sampaio

(in Revista Pública)

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