segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NÃO ANOTES!



Desde há uns anos que constato nos manuais escolares do Ensino Básico a advertência ao aluno de que não deve escrever neles. Num desses manuais, para o 7.º ano de escolaridade, consta o símbolo que abaixo reproduzo e que me deixa perplexa pelas razões que passo a expôr:
1.ª - Um manual é um documento de estudo que todos os alunos têm de ter. O estudo, para ser verdeiramente estudo, não dispensa a realização de sublinhados e notas. Logo os alunos, dispondo de um manual que é seu, ganham em escrever nele;
2.ª - Mas, assim, podemos argumentar o manual só pode ser usado por um aluno, não pode ser usado por vários. Esta é uma questão falsa por duas razões.
A primeira razão é que quando o manual passa de mão em mão, sublinhados e notas não lhe tiram o valor, podem acrescentar-se outras e se forem feitas a lápis podem apagar-se. Não é um livro novo, mas continua a ser útil.
A segunda razão é que mesmo que o manual fique intocável, o mesmo não acontece à panóplia de acessórios que se lhe anexam (cadernos de apoio, caderno de actividades, fichas, etc.), onde o aluno deverá escrever. Lembro que manual e acessórios vendem-se em pastas e pacotes, ainda que, presumo, por imposição legal, se advirta em todos eles que os seus diversos componentes podem ser vendidos separadamente. Só que, na realidade, não podem porque alguns dos acessórios são declarados como oferta, logo o aluno terá, necessariamente de comprar o manual para que lhe seja "oferecido" o resto.

Helena Damião
Consultora do CFIAP

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