A formação ética dos profesores é apenas uma dimensão da sua formação geral e deve ser coerente com os princípios filosóficos, epistemológicos e científicos que a orientam, os quais, embora raramente explicitados nos programas de formação, transmitem visões diferentes do mundo, do homem, da sociedade e da escola.
Apontam, portanto, para diferentes concepções de profissionalismo que estão patentes quando se examinam as tipologias de modelos construídas como, por exemplo, a de Zeichner (1983) e as inerentes concepções sobre o sujeito e o seu lugar na formação.
Mais especificamente no domínio da ética, Sockett (2008) esbça quatro tipos de profissionalismo e, portanto de docente enquanto profissional: o escolar enfatiza o papel primordial do conhecimento e da sua transposição didáctica enquanto elementos formadores do espírito e gerador de virtudes; o "maternal" (nurture profissional) tem como foco o desenvolvimento do indivíduo, submetendo o conhecimento à afectividade e ao cuidado (care); o clínico, assente na investigação científica educacional, valoriza como objectivos educacionais a socialização numa sociedade democrática e a justiça social; o agente moral, vê o ensino como actividade moral pois prossegue o desenvolvimento do outro, e, seguindo a tradição aristotélica, associa os conteúdos com a moral e as virtudes intelectuais.
Como o autor alerta, cada modelo pode originar diferentes teorias e práticas. Contudo, julgamos que não se poderão considerar modelos mutuamente exclusivos. Por outro lado, apesar das divergências dos diferentes modelos e dos seus pressupostos conceptuais, tem ganho espaço a afirmação de uma orientação reflexiva da formação e do valor formativo das situações de trabalho. (...)
( T. Estrela e Maria Rosa Afonso, in Noesis nº 77)
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