Só agora encontrei a notícia, mas ela é, tanto quanto percebi, de 2009.
Um dos nossos políticos mais enfáticos, a ocupar, de momento, um dos cargos de maior responsabilidade no país, teceu largados elogios a uma certa empresa portuguesa de espírito particularmente empreendedor, com conveniente ligação a uma universidade.
Alguém nessa empresa teve uma ideia literalmente brilhante, a que se acrescentou uma componente sonante: a postes de iluminação pública acresceu um sistema de video-vigilância com processamento de imagem e ligação directa à polícia. E (maravilha das maravilhas!) transmitem música.
Bom, a asneira poderia ter acabado aqui se a sociedade, em geral, tivesse dado sinais claros de que empresa, universidade e político haviam passado por um momento menos feliz, e tivesse questionado fortemente as suas declarações e intenções e/ou, então, rejeitasse os serviços propostos.
Mas, não aconteceu assim (e nem outra coisa seria de esperar):
1) a comunicação social deu várias notícias, escusando-se de colocar questões éticas, sociais e até legais. Encontrei uma excepção, da TSF, que inclui um apontamento de Clara Guerra, porta-voz da da Comissão Nacional de Protecção de Dados, que se pode ouvir aqui.
2) de imediato empresas e instituições públicas correram a apetrechar-se com esses postes (ver, por exemplo, aqui ou aqui).
Quatro anos depois da apresentação desta "fantástica" inovação, que entre outras vantagens, nas palavras do tal político, "dá bom ambiente", a sua disseminação nos espaços públicos deve ser muito alargada. Quando sair de casa, pense o leitor nela, a captar, silenciosa mas implacavelmente, os seus passos, nocturnos e... diurnos.
Maria Helena Damião
Consultora do CFIAP
In Blog De Rerum Natura
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